sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O tempo...



O tempo é eterno. Uma vida inteira pode se acabar em apenas uma fração de segundos. Toda uma história, toda uma trajetória de vida, e os sonhos, as expectativas, os medos, os ais, as alegrias, as incertezas; uma história, uma conquista, e de repente quando tudo parece estar bem, parece que o nosso chão nos foi tirado, uma notícia, uma dor e um golpe mortal, onde todos os sonhos, incertezas e certezas, expectativas, conquistas, realizações, alegrias e tristezas aparentemente não mais existem, as colunas já não estão lá, não há cordas, nem corrimãos, ao nosso redor não há em que nos apoiarmos se olharmos para baixo um profundo abismo, não podemos mais nos prostrar... A morte acaba como a existência, poucos segundos e alguém já não está mais entre nós, já não existe... Mas esse mesmo tempo tem o poder de se tornar longo, quando conseguimos mesmo com os olhos embaçados, enxergar através das lembranças a história de vida que escrevemos ao lado daquele que já partiu e que tanto amamos.

A história de irmãos, que corriam pelas ruas de madrugada, quando havia um silêncio profundo e apenas a luz de um poste em frente da humilde casa, os fazia enxergar as bolinhas de gude que escondiam para brincar com elas na cumplicidade que só a eles pertencia, olhavam juntos as estrelas, sonhavam, planejavam, às vezes ficavam em silêncio apenas, curtindo a breve liberdade, não havia medo de estranhos, pois a pureza, a inocência era tanta que sequer lhes passava pela cabeça que algum ser lhes pudesse fazer mal... Mas ele sempre tomava a iniciativa: “_ Vem Shirlinha, vamo pra dento”, e eu de pronto lhe atendia, afinal era meu protetor, quem cuidava de mim, brincava comigo não tinha coragem de matar uma mosca, mas quando nosso irmão mais velho ameaçava me bater ele apanhava em meu lugar...

Meu irmão querido sei que não me ouves, nem me vês mais, porém desde que partiste para sempre que não consigo dominar essa dor, hoje faz um mês da tua partida e a dor da despedida que nem aconteceu só aumenta ainda bem que tivemos tempo de declarar tantas vezes o nosso amor, um pelo outro.

Jamais serás esquecido. Pode ser que aparentemente não tenhamos chão, colunas, cordas... Mas temos quem nos segure ao olharmos para cima, alguém que tem todo Universo sustentado apenas pelo poder da sua Palavra. É esse Deus que ma dá forças, e a certeza de que encontrarei não só Artur, mas meus tios, amigos e irmãos em Cristo que um dia me deixaram aqui e foram recebidos no céu!

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